“Soberana 01”: Cuba vai começar a testar vacina contra covid-19 desenvolvida no país

Ensaios clínicos serão feitos com 676 pessoas entre 19 e 80 anos, e testes seguem até 2021; recrutamento começa em 24 de agosto

Cuba começará na próxima semana os ensaios clínicos em humanos de seu projeto de vacina contra a covid-19, a Soberana 1, cujos resultados estão programados para fevereiro de 2021, informaram as autoridades sanitárias nesta terça-feira (18/08). 

O Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba e o Centro de Controle Estatal de Medicamentos, Equipamentos e Dispositivos Médicos deram luz verde para o início dos ensaios em 676 pessoas, entre 19 e 80 anos. O recrutamento de candidatos começará em 24 de agosto e terminará no final de outubro. Essas pessoas não devem ter “problemas de saúde clinicamente significativos” e devem dar seu consentimento por escrito para receber a dose, disseram as autoridades.

A conclusão do estudo está prevista para 11 de janeiro de 2021, os resultados ficarão prontos em 1º de fevereiro, e serão publicados em 15 de fevereiro. “Embora haja vacinas de outros países, precisamos que as nossas tenham soberania”, disse o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel.

O estudo de quase cinco meses será “randomizado, controlado, adaptativo, duplo-cego e multicêntrico” e foi definido o objetivo geral de “avaliar a segurança, reatogenicidade e imunogenicidade” da droga candidata à vacina cubana para covid-19.

Mais especificamente, nos ensaios clínicos será avaliado o perfil de segurança, reatogenicidade e imunogenicidade da Soberana 01, para finalmente comparar a resposta imunitária ao fármaco com diferentes níveis de dosagem.

Espera-se que a proporção de indivíduos com resposta imunológica seja pelo menos 50% maior do que o grupo controle, de acordo com o relatório do Registro Público de Ensaios Clínicos de Cuba. O chefe da Epidemiologia cubana, Francisco Durán, disse que espera que o país tenha acesso à vacindurante o primeiro trimestre de 2021.

88 mortes por covid-19

Com 11 milhões de habitantes, a ilha conseguiu conter a pandemia de coronavírus, com 3.408 casos e 88 mortes até esta segunda-feira (17/08). Um surto recente obrigou as autoridades a reforçar as medidas de prevenção em Havana.

Cuba tem uma destacada indústria biotecnológica e farmacêutica que lhe permitiu desenvolver vacinas contra meningite, câncer de pulmão (terapêutico) e tumores sólidos, e contra a hepatite B, entre outras doenças.

No sábado (15/08), as autoridades russas relataram avanços na produção da vacina Sputnik V, chegando a manifestar a intenção de produzi-la com Cuba. Mas a ilha socialista não se pronunciou oficialmente sobre a oferta.

Pesquisadores ocidentais duvidam do produto russo e continuam avançando em diversos projetos. Na América Latina, Argentina e México anunciaram recentemente um acordo para produzir uma vacina pela AztraZeneca e a Universidade de Oxford.

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