Apesar do impacto da Covid-19 na economia nacional, a Unicargas aumentou os resultados líquidos no primeiro semestre de 2020, em mais de 150%, quando comparado com o ano anterior, assente no crescimento das receitas (+24,4%) e dos resultados financeiros (+ 160%). A empresa apresentou um volume de facturação, nos seis primeiros meses do ano, de 3,86 mil milhões Kz e um resultado líquido positivo de quase 1,3 milmilhões Kz.
Joaquim Piedade, coordenador da comissão de gestão, explica que, “contrariamente ao que possa pensar-se, não houve aumento dos tarifários. O que justifica o aumento das receitas é que, anteriormente, o tempo de armazenagem das cargas no terminal portuário era de 2/3 dias e agora passou para quase 12 dias, sendo que esse valor é cobrado aos nossos clientes.
Em termos práticos, existem três serviços importantes nos serviços portuários -a estiva, o tráfego e a armazenagem. Foi este último que aumentou bastante o seu valor”. Ou seja, apesar de a actividade de carga, descarga e transporte ter diminuído, as receitas de armazenagem foram suficientes para cobrir este deficit e aumentar a facturação da organização.
Do valor global da facturação da Unicargas, mais de 80% está no segmento portuário, cerca de 10% no transporte rodoviário e mais ou menos 2% nos serviços transitários. Por isso, é a actividade marítima que se apresenta como o coração da empresa, e que influencia os números globais. Se a análise for feita apenas pela carga movimentada, houve um decréscimo da actividade, passou de 11.000 contentores em 2019 para 9.000 em 2020, sendo que a redução em número de navios foi maior, menos 50%, passou de 71 em 2019 para 37 em 2020.
“Este ano também movimentámos quatro navios para exportação, o que não aconteceu em 2019. Estamos a falar de postes de iluminação pública que foram para os Emirados Árabes, ligas de ferro e bananas, fundamentalmente”, explica.
Relativamente aos proveitos financeiros, que passaram de 334,7 milhões Kz para 872,5 milhões, estes devem-se a investimentos que a empresa tem em moeda estrangeira, sendo que, além da rentabilidade própria de cada um deles, também a desvalorização do kwanza face ao dólar e euro, justifica este “salto”. Acrescentar que o alor de oito milhões Kz registado em “outros proveitos” deve-se ao serviço de pesagem de mercadoria no terminal portuário, que é contabilizado fora da prestação de serviços da empresa, que são o transporte de mercadorias, carga e descarga de contentores.
Joaquim Piedade fala também de uma melhor racionalização dos custos, “entrámos na plataforma da contratação pública e melhorámos os nossos contratos de fornecimento de equipamentos e consumíveis, como, por exemplo, pneus, óleos, filtros, peças para as nossas máquinas e veículos, etc.”. Os custos de pessoal tiveram um ligeiro aumento, mais 1,7%, abaixo daquilo que foram os aumentos salariais médios, o que significa que foram utilizados menos trabalhadores nas actividades do 1.o semestre deste ano, o que aliás se justifica pelos números apresentados.
Em termos práticos, se o impacto da pandemia se notou na actividade da empresa, por outro, criou oportunidades para aumentar a facturação e os resultados, fazendo com que, nesta altura, os números estejam dentro daquilo que era previsão do ano, feita em Outubro do ano passado. “Em Julho, o ministério juntou diversas empresas do sector para fazer os reajustamentos dos orçamentos e dos objectivos para este ano, tendo em atenção a baixa da actividade económica, mas da nossa parte, tal como comunicámos na ocasião, não é necessária qualquer alteração. Estamos dentro do orçamento e das metas projectadas”.
Acrescentar que a empresa mantém também o plano de obras no seu terminal para 2020, o que até ao momento não afectou o volume de receitas.
Recordar que a Unicargas foi uma das oito empresas, num universo de 86 empresas públicas, que viu ser aprovado, sem reservas pelo IGAPE, o relatório e contas relativo a 2019.