Paulo Americano, actor principal do filme “Santana”, personagem do chefe do combate ao crime organizado e das drogas, defendeu, hoje, em Luanda, um maior investimento nas artes, em particular na cinematográfica nacional.
Em declarações ao Jornal de Angola, o actor explicou que no país existem condições para se desenvolver a sétima arte, apenas se precisa de fortes investimentos para se poder dinamizar o mundo do cinema nacional. Com uma vasta experiência como actor, Paulo Americano, a residir na República Checa há mais de 30 anos, não tem a menor dúvida de que este é um mercado promissor no país e que pode ser uma fonte de receitas para o Estado, caso exista um forte investimento no sector.
Explicou que foram vários momentos marcantes durante a rodagem do filme, desde a produção à troca de experiências com os actores nacionais e estrangeiros. “Estou ausente do país há mais de 30 anos e poder regressar e fazer parte deste elenco foi uma das melhores experiências como actor”.
Algumas das cenas mais importante, disse, foram os momentos em que os actores tinham que ir em determinados locais para fazer a rodagem das cenas em tempo real. “No filme, tenho muitos inimigos que me querem derrubar a todo custo. Contracenar com os actores sul-africanos foi uma das mais brilhantes experiências.”
O filme, explicou, poderá ser uma “janela aberta” de oportunidade para os actores angolanos mostrarem ao mundo o que se pode fazer no país, caso haja condições de trabalho. “A sétima arte pode ser uma fonte de rendimento para o Estado e ajudar a criar trabalho para muitos jovens talentosos que não conseguem seguir a carreira profissional no país”.
Por sua vez, a actriz Neide Van-Dúnem espera que o filme consiga alcançar outros mercados, como forma de ajudar a promover a produção nacional e os seus intérpretes. “Foi uma participação incrível e que teve um investimento diferente das outras produções cinematográficas em que participei” conta.
Adiantou que é uma das melhores experiências vividas, enquanto actriz, fundamentalmente pelo carinho que tem recebido dos fãs. O interessante no filme, explicou, foi poder ver a personagem da Célia Reis, como a única mulher a partilhar momentos de acção numa área basicamente dominada por homens. “A minha personagem é de uma mulher destemida que está sempre preparada para os grandes desafios”, destacou.
A actriz referiu que a personagem que desempenha acredita na igualdade de direitos e de oportunidades. “Ela é muito ambiciosa e acredita que poderá ser a chefe do grupo um dia. Isso a torna determinada e focada no desempenho das suas funções”. Uma das grandes mensagens do filme, explicou, é chamar a atenção para a união familiar e o facto de o cinema nacional ter uma grande margem de crescimento. “Infelizmente a produção cinematográfica no país ainda não atingiu os níveis desejados para dar oportunidades para os actores explorarem o potencial e viver da arte”.
Outra grande promessa do cinema angolano é o actor Quim Fasano. Quanto à participação no filme, disse ter sido positiva por partilhar momentos únicos com actores e realizadores nacionais e estrangeiro. “A troca de experiências com actores sul-africanos, muito mais experimentados, permitiu dar outra qualidade ao filme por estarem muito mais evoluídos em todos os aspectos”.
Com a produção do filme “Santana”, acredita que o país poderá mostrar ao mundo as valências dos actores angolanos, sobretudo, naquilo que se poderá fazer com todas as condições de trabalho criadas. A sua personagem, disse, engendra uma missão para desmantelar uma rede de traficantes sul-africanos.
A classe artística no país, continuou, precisa de apoios e orientação das instituições públicas e privadas. “Precisamos evoluir de forma estrutural e aprender com os países mais experimentados sobre a matéria. A África do Sul já tem uma experiência muito vasta e têm os apoios institucionais”.
Condições dignas
O actor Raul do Rosário destacou o facto de a África do Sul ter produções cinematográficas com bastante qualidade, o que tem permitido fazer grandes produções cinematográficas. “Foi um espanto pela positiva poder trabalhar com pessoas com um outro nível de profissionalismo, o que mostra o longo caminho por percorrer”.
O actor avalia a participação dos actores angolanos como positiva, embora reconheça a necessidade de se criar mais infra-estruturas para alavancar a produção cinematográfica no país. “Temos bons cenários e matéria-prima nacional com qualidade, faltam condições dignas para se poder almejar outros patamares a nível internacional”.
Após este grande feito, disse, o que se espera é que outras produções nacionais sigam o mesmo rumo, porém, só será possível se existir um forte investimento do Estado no sector do cinema em Angola. “Se não forem feitos fortes investimentos, dificilmente chegaremos ao nível dos outros países que estão bastante evoluídos na matéria”, alertou Raul do Rosário.
Filme angolano em destaque na Netflix
Com direito a tapete cor de laranja e um cenário de glamour, a estreia do primeiro filme angolano ( Santana) numa das maiores plataformas de stream a nível mundial “Netflix” foi bastante aplaudido na última sexta-feira, em Luanda.
A co-produção angolana “Santana”, de Maradona Dias dos Santos e Chris Roland, que se estreou nos cinemas em 2015 com o título “Dias Santana”, pode ser visto agora na Netflix.
Baseado em factos reais, “Santana” é um filme de acção que conta a história de “dois irmãos, um general e um agente da divisão de narcóticos , que finalmente descobrem a identidade do traficante de droga que assassinou os seus pais décadas antes”. Co-produzido entre Angola e a África do Sul, o filme tem no elenco, entre outros, os actores angolanos Paulo Americano, Neide Van-Dúnem e Raul Rosário, o nigeriano Hakeem Kae-Kazim e a sul-africana Jenna Upton.
Sob a direcção de Maradona Dias dos Santos, o elenco composto por Paulo Americano, Raul do Rosário, Neide Van-Dunem, Quim Fasano, Nelo Jaz, Cigano Satyohamba, Isabel André, JD, Cage One, Pedro Piduka, Dalton Borralho, Rosária Bernardo e Dr. Stiv, fez valer o género protagonizando uma verdadeira acção do início ao fim do drama.