Pedro Dala, secretário-geral (SG) da FNLA suspenso pelo presidente Lucas Ngonda, afirmou, ontem, em Luanda, que continua a exercer as funções, pois, de acordo com os estatutos, o líder do partido não tem competências para o suspender.
O político, que falava em conferência de imprensa, que serviu para rebater os motivos da suspensão, na quarta-feira passada, apelou ao bom senso do presidente do partido, no sentido de reconsiderar a sua posição “e deixar de caminhar sozinho na direcção errada”.
Pedro Dala foi suspenso por, alegadamente, ter violado o pacto de unidade e reconciliação das alas da FNLA, bem como criar um suposto grupo que pretendia destituir Lucas Ngonda da liderança.
Na conferência de imprensa, Dala refutou todas as acusações. Afirmou que o secretariado do Bureau Político, que dirige, vai prosseguir com a reunificação de todas as alas do partido, processo iniciado há um ano com o Grupo dos Seis (entre os quais João do Nascimento, Miguel Pinto, Vicente Paulo e Paulo Jacinto) e a facção do filho do fundador do partido, Carlitos Roberto.
“Enquanto SG do partido, já ordenei que se aprofundem os contactos com todas as forças vivas da FNLA para esse desiderato e, nos próximos dias, essa plataforma de unidade e reconciliação convocará uma conferência de imprensa para a divulgação dos resultados desse trabalho”, informou.
Ao mesmo tempo, acrescentou, estará em contacto com todos os membros dos secretariados provinciais, apelando à coesão interna, a preparação e o engajamento na agenda da realização do V Congresso Ordinário, convocado por Lucas Ngonda para Agosto do próximo ano.
Pedro Dala admitiu que se não se der o passo rumo à unificação, a FNLA pode desaparecer do cenário político. “Queremos encontrar as melhores soluções com os nossos irmãos (das outras alas), porque corremos o risco de desaparecer”, referiu o político, para quem “a FNLA não pode acabar assim, por causa de uma pessoa (Lucas Ngonda)”, que pretende estender o mandato até 2022, quando este expirou há um ano e seis meses.
“Ngonda acabou!”
Fernando Pedro Gomes, um dos contestatários da liderança de Lucas Ngonda, afirmou que o actual presidente da FNLA está acabado, do ponto de vista político, depois de suspender o SG, decisão que, segundo os estatutos, cabe apenas ao Comité Central.
O também docente universitário e antigo conselheiro do fundador do partido, Holden Roberto, afirmou que, de um tempo a esta parte, Lucas Ngonda vem destruindo todo o processo de unidade do partido, com expulsões de dirigentes e violação dos estatutos.
Pedro Gomes reafirmou o desejo de concorrer à direcção do partido, quer no congresso convocado para este mês por uma facção, quer no conclave convocado por Lucas Ngonda para Agosto do próximo ano. “Não tenho medo de ninguém, por isso, para mim, não faz diferença em que congresso seja”, disse.
Tristão Ernesto tem desconfianças
Tristão Ernesto, que também já manifestou a intenção de concorrer à liderança do partido no congresso previsto para o mês em curso, declinou o convite de Pedro Dala para estar na conferência de imprensa de hoje.
Em declarações ao Jornal de Angola, Tristão Ernesto afirmou que desconfia das intenções de Pedro Dala porque este sempre foi o segundo factor de divisão da FNLA, depois de Lucas Ngonda. “Como foi afastado do cargo de secretário-geral, ele agora quer conversar com as pessoas! Mas se esquece que bloqueava os dirigentes, movia processos disciplinares sem consulta e exonerava a partir de um telefonema”, denunciou, acrescentando que aquele “não tem moral”.
Tristão Ernesto alertou que, contrariamente ao que diz Pedro Dala, o SG interino, Aguiar Laurindo, nomeado pelo presidente, é quem passa a coordenar a Comissão de Unidade e Reconciliação, pois esta função é inerente ao cargo.