ONG denuncia tráfico de marfim em Angola

A organização Internacional da vida selvagem (Traffic) acredita que escultores de marfim de nacionalidade asiática estejam activos em Angola, dedicando-se ao comércio ilícito de artefactos de elefantes.

Angola mantém sob protecção elefantes africanos

Com base em  dados  sobre a  aplicação da Lei  em Angola, a representante da referida organização, Joana Van Halsema, referiu haver  demonstrações  que  consórcios  vietnamitas estão  a gerir  centros, no país,  para movimentar  marfim  para a Ásia, passando pela  Malásia, Laos ou Camboja.

Joana Halsema  avançou a informação no webinar  promovido pela Fundação Kissama em parceria com o Instituto da Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC),  uma acção  realizada no quadro do dia Mundial dos Elefantes.

A especialista, que apresentou o tema “ Proteção dos Elefantes em Angola”, disse existir  ainda  um índice  elevado  de marfim no mercado angolano.

Angola , de acordo com a Traffic, é  um  país  importante  em África para a exportação  comercial de marfim  trabalhado, tendo um registo de mais de 10 quilogramas de marfim evacuado  para o exterior,  entre 2015 a 2017, representado  12% das apreensões efectuadas (3a mais importantes) e 15% do peso (2ª mais importante).

Segundo a Traffic,  90%  dos elefantes  africanos  foram mortos  nos últimos  100 anos.

Diariamente, de acordo com a organização internacional,  estima-se  que 55 elegantes  africanos  sejam  vítimas de caça furtiva.

Aponta com principais  locais de  trânsito para a remessa  ilegal  de marfim  associada a Angola,  a Etiópia,  República da Coreia  e Tailândia, tendo como locais de destino Camboja e Vietamane.

Queda da população de elefantes

Segundo dados do Instituo Nacional de Biodiversidade e Áreas de Conservação (INBAC), que também abordou neste encontro, a situação desta espécie no país, a taxa da população de elefantes em Angola caiu 22%,.

Antes de 1970, estimava-se 70 mil  elefantes  na região Sul  de Angola. Até 2005  foram contados apenas três mil 395  elefantes  com uma taxa de  30% de carcaças, indicando o aumento da caça ilegal, assim como a redução da sua população.

Protecção

A Fundação Kissama  leva a cabo,  desde 2018, o projecto de  conservação do elefante da floresta do noroeste  de Angola,  por estar  ameaçada  destinação, devido  ao aumento  das pressões antrópicas.

Deste acordo com Vladimir Russo,  que apresentou o projecto neste encontro,  foram  realizados  inquéritos junto das administrações municipais, comunais e aos munícipes das províncias do Bengo e Cuanza Norte para apurar a contribuição destes na proteção desta espécie.

O ambientalista avançou que são frequentes  os incidentes registados envolvendo  a  morte de  elefantes da floresta, entre as quais  mortes por arma de fogo, armadilhas,  exploração ilegal de madeira e queimadas, atropelamentos, entre outros.

O Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, em parceria com as autoridades locais, está a desenvolver um projecto de investigação sobre a distribuição e densidade populacional dos elefantes de floresta na província do Cuanza Norte, para identificar medidas de prevenção e mitigação deste conflito homem-animal.

Como resultado do projecto, em Março deste ano foram colocadas coleiras GPS em dois elefantes, na zona de Maria Teresa.

O objectivo final deste projecto será a criação de um santuário para os elefantes de floresta, de modo a minimizar e evitar acidentes como o ocorrido neste sábado.

Todas as espécies de elefantes são protegidas pela Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Selvagem (CITES), no seu Anexo I, ratificado por Angola em 2013.

Esta convenção proíbe e condena legalmente a comercialização de espécimes ou produtos directos das espécies, como o marfim.

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