Mundo estava a reduzir pobreza até à chegada da pandemia

Nova Iorque – O mundo estava a progredir no objectivo da redução da pobreza multidimensional, que tem em conta vários critérios, mas a evolução está agora em risco por causa da covid-19, advertiu hoje a ONU


LOGOTIPO DA ONU

FOTO: JOAQUINA BENTO

A conclusão está contida no relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), intitulado “Iniciativa de Pobreza e de Desenvolvimento Humano de Oxford (OPHI, na sigla em inglês), em que foram estudados os dados de 75 países.

Segundo o documento, 65 dos 75 países estudados tinham reduzido “de forma notável” os níveis de pobreza multidimensional entre 2000 e 2019, destacando-se, entre eles, a Serra Leoa, o Estado que progrediu com maior rapidez.

Entre os dez países com maiores progressos sete são oriundos da África Subsaariana, como a Costa do Marfim, Guiné-Conacky, Libéria, Mauritânia ou Rwanda.

A Índia, por seu lado, viu o maior número de pessoas a sair da pobreza multidimensional, calculada observando critérios financeiros, como salários, e de acesso a serviços básicos, como água potável, educação, saúde, electricidade e alimentação.

O relatório refere que entre 2005 e 2015, cerca de 270 milhões de indianos saíram da pobreza multidimensional, números à frente da China (70 milhões entre 2010 e 2014), e do Bangladesh (19 milhões de 2014 a 2019).

No entanto, adverte a OPHI, o surgimento do novo coronavírus, que rapidamente se estendeu a pandemia, vai ter um “forte impacto” nos importantes avanços a nível mundial ligados à pobreza multidimensional.

“A covid-19 está a ter um impacto profundo no desenvolvimento. Mas os dados obtidos antes da pandemia oferecem uma mensagem de esperança”, disse a directora da OPHI, Sabina Alkire.

Embora não estejam ainda disponíveis informações suficientes para calcular o aumento da pobreza multidimensional desde o início da pandemia, as simulações feitas em 70 países em vias de desenvolvimento, baseadas num impacto antecipado do vírus, sugerem que poderá afectá-la “profundamente”.

Se 10%, 25% ou 50% das pessoas que vivem em pobreza multidimensional começarem a sofrer de malnutrição e metade das crianças em idade escolar deixarem de frequentar o ensino, a pobreza poderá voltar aos níveis de há oito ou dez anos, assinala-se no documento.

“A covid-19 é a mais recente crise a golpear o mundo. E as alterações climáticas garantem que vão surgir mais. Cada uma delas afectará os pobres de muitas formas”, frisou o representante do PNUD Pedro Conceição.

“Mais do que nunca, devemos trabalhar em conjunto para enfrentar a pobreza, bem como a vulnerabilidade à pobreza, em todas as suas formas. É por isso que o Índice de Pobreza Multidimensional é tão importante”, acrescentou.

Dos 1.300 milhões de pessoas que ainda vivem em pobreza multidimensional, assevera o relatório, metade tem menos de 18 anos, enquanto 107 milhões têm idade superior a 60 anos.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 584 mil mortos e infectou mais de 13,58 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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