A responsável pelo sector da Saúde da Embaixada de Angola em Portugal foi exonerada através de um despacho do Ministro das Relações Exteriores (MIREX) com data de 26 de Agosto, o que coincide com mais uma vaga de protestos de doentes angolanos em tratamento em Lisboa, embora o documento não relacione as duas situações.
No despacho nº 558/2020, assinado por Téte António, Rosa da Silva de Almeida, que estava em funções desde 07 de Junho de 2017, vê dada por finda a sua comissão ordinária de serviço mas não lhe é adiantada publicamente qualquer justificação para a sua exoneração.
No entanto, como o Novo Jornal tem noticiado nos últimos meses, a última vez a 24 de Agosto, dois dias antes da data que consta no despacho do MIREX, várias dezenas de doentes angolanos em tratamento em Portugal têm realizado manifestações junto à representação diplomática de Angola na capital portuguesa e uma das acusações que azem é a de que não conseguem que alguém da Embaixada os recebe e ouça as suas reivindicações.
E uma das mais importantes reivindicações é que o Estado angolano pague os subsídios em atraso porque muitos dos afectados já estão sem o subsídio há mais de um ano, colocando em risco a sua alimentação e alojamento.
A Associação dos Doentes Angolanos em Portugal organizou a 24 mais uma manifestação de protesto junto à Embaixada de Angola em Lisboa para pressionar Luanda a retomar o pagamento dos subsídios de alimentação e alojamento.
Como explicou na ocasião Gabriel Avelino, da Associação de Doentes Angolanos, a falta de pagamento dos subsídios por parte do Governo de Luanda está a gerar situações graves entre aqueles que estão em Portugal para tratamento médico.
Um dos problemas enfatizados é o corte das refeições nas duas pensões que acolhem os angolanos em tratamento em Lisboa, a Pensão Luanda e a Pensão Alvalade, que os afectados, apesar de elogiarem a paciência dos seus proprietários e compreenderem a situação destes, estes já começaram a cortar nas refeições, as únicas que muitos conseguem ter, e começa a ser incontornável que estes também cortem a luz e a água por falta de pagamento da estadia.
E já estão a ocorrer problemas sérios para a sua subsistência, especialmente daqueles que não dispõem de meios próprios para se aguentarem na capital portuguesa.
Gabriel Avelino reafirmou que os subsídios foram suspensos há cerca de um ano e as duas pensões que alojam os angolanos nestas condições, deixaram de fornecer as três refeições diárias, pequeno-almoço, almoço e jantar a crédito por falta de pagamento, há mais de um mês.
Em causa estão quase 200 doentes angolanos, muitos deles, apontou, em “situação crítica” porque o subsídio de alimentação e alojamento deixou de ser pago pelo Governo de Angola há um ano, como o sublinhou Gabriel Avelino.
Este líder associativo disse ainda que o objectivo desta manifestação junto à Embaixada é levar os seus responsáveis a ouvi-los e a intercederem junto do Governo para que este problema seja resolvido.
“Há mais de 30 dias que estas centenas de pessoas deixaram de ter quaisquer refeições diárias”, sublinhou Gabriel Avelino, referindo-se aos pacientes que se encontram hospedados nas duas pensões lisboetas, a Luanda, onde estão cerca de 60 pessoas, e na Alvalade, onde se encontram hospedadas mais de 70.
Esta é uma situação que se prolonga há várias semanas e este tipo de iniciativas junto da Embaixada de Angola na capital portuguesa têm-se repetido sem que alguém se disponibilize para os ouvir.
Fonte: Novo Jornal