O ex-director do extinto Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (Grecima), Manuel Rabelais, confirmou nesta quarta-feira a entrega voluntária de 30 imóveis à direcção nacional dos Serviços de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República (PGR).

A informação foi prestada ao Tribunal Supremo, no 5º dia de julgamento do político, indiciado nos crimes de peculato de forma continuada, violação das normas de execução orçamental e branqueamento de capitais, referentes ao período de 2016 e 2017.
De acordo com o réu, na altura da instrução preparatória, tentou negociar com a Procuradoria-Geral da República a amortização dos créditos bancários a si concedidos, uma vez que o pagamento dos mesmos dependia da venda ou do aluguer dos respectivos imóveis.
Frisou que o procurador, que procedeu a instrução preparatória, não aceitou a amortização dos créditos, deixando-os sob a responsabilidade de Manuel Rabelais.
Questionado sobre a prestação de contas, explicou que, seis meses antes das eleições de 2017, foram orientados pelo antigo Presidente da República, José Eduardo dos santos, a elaborar os relatórios, a fim de facilitar a entrega de pastas ao Presidente eleito.
Salientou que a ausência de relatórios na Casa de Segurança do Presidente da República, sobre a actividade desenvolvida pelo Grecima, não é da sua responsabilidade.
Frisou que, após as eleições gerais de 2017, teve o cuidado de apresentar as instalações com o respectivo património ao actual secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa do Presidente da República, Luís Fernando.
Reafirmou que as transacções de compra de divisas adquiridas ao Banco Nacional de Angola (BNA) foram, na totalidade, pagas com os respectivos contravalores em Kwanzas.
De acordo com o despacho de pronuncia, o Grecima adquiriu ao BNA 98 milhões, 141 mil e 672 euros, tendo os mesmos sido transaccionados através dos circuitos bancários.
Manuel Rabelais afirmou que o co-réu Hilário Gaspar dos Santos, foi credenciado pelo Grecima para proceder os contactos com os bancos comerciais e para recrutar as empresas que deveriam adquirir as divisas.
Explicou, entretanto, que o mesmo não recebia qualquer remuneração pelo Grecima, por ser um colaborador eventual, pois era efectivo da Rádio Nacional de Angola.
No julgamento para além dos réus, Manuel Rabelais e Hilário Gaspar dos Santos, na altura dos factos assistente administrativo do Grecima, estão arrolados 14 declarantes.
Fonte: Angop