Cento e três cidadãos detidos sábado último na sequência da manifestação ilegal contra as políticas do Governo, serão julgados sumariamente nesta segunda-feira (26).
Segundo o secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, que falava ao Jornal de Domingo da Televisão Pública de Angola (TPA), entre os detidos estão dirigentes e militantes da UNITA, principal partido da oposição. Trata-se de um grupo composto por 90 homens e 13 mulheres, acusados de “arruaça e desobediência” às autoridades angolanas, que haviam inviabilizado o protesto, como forma de evitar contaminações em massa de Covid-19.
A tentativa de manifestação decorreu em claro atropelo ao novo Decreto Presidencial sobre a Situação de Calamidade Pública, que restringe os ajuntamentos na via pública a cinco pessoas. A marcha, frustrada pela Polícia Nacional, contou com centenas de participantes, incentivados por activistas da sociedade civil e por membros da direcção da UNITA.
Os mesmos tentaram protestar contra a não indicação de uma data para as eleições autárquicas e a falta de emprego, assim como exigirem melhores condições sociais. A tentativa de manifestação ficou marcada por actos de enfrentamento às forças policiais, incluindo o arremesso de pedras e outros objectos, vandalização de bens públicos, barreiras nas estradas e queima de pneus, resultando ainda em seis feridos, agentes da Polícia Nacional, a destruição de meios da corporação e de transeuntes.
De acordo com Salvador Rodrigues, as forças policiais saíram à rua apenas para garantir a manutenção da ordem e tranquilidades públicas, em cumprimento ao Decreto Presidencial sobre o Estado de Calamidade Pública que proíbe ajuntamentos de mais de cinco pessoas. “As leis do país são para serem cumpridas. Tudo vamos fazer para o cumprimento das orientações emanadas pelo Executivo”, disse, sublinhando que, infelizmente, uma das partes não cumpriu as regras impostas.
O responsável lamentou o facto de dirigentes da UNITA se terem envolvido numa acção que acabou em arruaça e desacatos à autoridade. Apelou a sociedade civil, particularmente partidos políticos com assento na Assembleia Nacional, a usarem os meios legais para a apresentação das suas reivindicações. “Tenham calma e, se todos nos sentarmos, os problemas sociais serão resolvidos a contento de todos os angolanos”, sugeriu.