Caiu o pano sobre o Congresso da Liga da Mulher Angolana (LIMA), o braço feminino da UNITA, cujos resultados foram contestados por Manuela dos Prazeres Cazoto, a terceira candidata no boletim de votos daquele conclave.
Segundo a visada, o processo de votação foi viciado, tendo na ocasião apelado ao presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, a não concordar com a reeleição de Helena Bonguela. Entretanto, adensam-se as denúncias de fraudes e corrupção neste pleito, com maior realce para as redes sociais, cujos autores estão devidamente identificados com fotos e legendas.
Por exemplo, dos nomes sonantes destas denúncias, o realce recai para o general Paulo Lukamba Gato, Adriano Sapinhala, Manuel Ekuikui e, imagine, Álvaro Chikwamanga, Secretário Geral. Na acusação que circula nas redes sociais, os quatro militantes de ‘peso’ da UNITA são acusados de terem estragado o congresso Nacional da LIMA pelo dinheiro, ambição e ganância de continuar a negociar com o MPLA em troca de dinheiro.
“Corromper as delegadas do congresso com cada 15 mil kwanzas, para votar na vossa mãe, irmã, madrinha, família Helena Bonguela mesmo depois destes anos todos não ter feito nada para o bem da organização”, escrevem os militantes da LIMA na denúncia. Segundo a acusação, Álvaro Chikwamanga, Secretário Geral do partido dos ‘maninhos’ e o jovem deputado Nelito Ekuikui, secretário provincial do ‘Galo Negro’ em Luanda entraram na sala a ameaçar e a corromperem algumas mulheres da LIMA no sentido de votarem na continuidade. “Isso é porquice e é nojento”, atiram irritados, acrescentando que este cenário não foi apenas em Luanda.
“Em algumas províncias do interior, os secretários provinciais alinharam no mesmo diapasão e indicaram a direcção do voto à Helena Bonguela, relegando as demais candidatas, com Manuela dos Prazeres Cazoto, a sair mais prejudicada nesta situação, por ter, segundo as próprias da LIMA, mais possibilidade de ascender ao cadeirão máximo da organização feminina do partido fundado por Jonas Malheiro Savimbi. Acusações infundadas?
A contestacão de resultados por parte de Manuel dos Prazeres Cazoto e as acusações de fraude que envolveram o conclave da LIMA foram consideradas infundadas e sem provas pela presidente da Comissão Eleitoral, Amelia Judith Ernesto. “A reclamação deve conter a matéria de facto e de direito, devidamente fundamentada e é acompanhada dos necessários elementos de provas, incluídos a acta da mesa em que a irregularidade ocorreu.
Enquanto presidente da comissão eleitoral do quarto congresso da LIMA, em nenhum momento recebemos alguma reclamação da candidata Manuela dos Prazeres”, criticou. As candidatas Helena Bonguela Abel, de 63 anos, a agora reeleita, é a mais velha e com mais experiência política entre as três concorrentes.
Natural de Kachiungo, província do Huambo, aderiu à UNITA em 1974, com 17 anos. Bacharel em psicologia, Helena Bonguela é deputada e membro da Comissão Política da UNITA. Dirigiu os destinos da LIMA nos últimos quatro anos. Manuela dos Prazeres Cazoto, de 46 anos, foi porta-voz da LIMA, militar desmobilizada das FALA (extintas forças armadas da UNITA), com a patente de tenente. É jornalista e membro da Comissão Política do partido. Domingas Njungulo José, de 51 anos, por sua vez, é membro do Comité Nacional da LIMA e estudante de Psicologia.