Luanda Leaks: Queda de Isabel dos Santos não arrastou para longe problema da corrupção em Angola

O coordenador das parcerias em África e no Médio Oriente do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) não tem dúvidas de que o Luanda Leaks foi um passo em frente no combate à corrupção em Angola mas também sublinha que a queda de Isabel dos Santos não conduziu ao afastamento da corrupção como um grave assunto no País.

Will Fitzgibbon foi um dos jornalistas que liderou a investigação e esteve na génese da divulgação dos 715 mil documentos relacionados com o caso Luanda Leaks que colocou a empresária Isabel dos Santos sob os holofotes da justiça mundial e vem, agora, num texto de opinião publicado na página do Consórcio, lembrar que a generalidade dos problemas ligados a este tipo de ilegalidades estão por solucionar.

O jornalista admite que há muito não se via um bilionário cair tão depressa como aconteceu com Isabel dos Santos após o Luanda Leaks, embora a empresária já estivesse a contas com a justiça angolana há semanas, e com processo aberto pela PGR, quando este caso rebentou com estrondo global, em Janeiro desde ano, levando o assunto aos espaços nobres dos grandes jornais, rádios e televisões de todo o mundo, tratando-se como era o caso da mulher mais rica de África à época, considerada pela Forbes como tendo mais de 3 mil milhões USD.

Will Fitzgibbon lembra que os esquemas que permitem a saída de dinheiro ilegal para o estrangeiro, que resulta em roubo a países inteiros, permanecem activos em Angola e noutras partes do mundo.

No entanto, apesar deste reparo cáustico para a luta contra a corrupção em Angola, o jornalista usa ainda este artigo publicado na página do ICIJ para tecer elogios a João Lourenço porque foi lesto a ir atrás dos prevaricadores do Governo que o antecedeu, mas lamenta que esteja a demonstrar um menor fulgor para ir atrás dos actuais dirigentes e governantes.

O coordenador das parcerias em África e no Médio Oriente do ICIJ exprime este ponto de vista através sublinhando que o Presidente angolano não demonstra receptividade suficiente ao “auto-exame”.

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