O levantamento da cerca sanitária à província de Luanda divide as opiniões dos grupos parlamentares na Assembleia Nacional. A UNITA defendeu, recentemente, o levantamento, apesar da transmissão comunitária pelo novocoronavírus.
O deputado Raul Danda, da UNITA, reforçou, ontem, o posicionamento do grupo parmentar, dizendo que a cerca “já não se justifica”, tendo em conta “os danos que a Covid-19 está a causar”. “A cerca sanitária está a provocar maiores danos que a própria Covid-19. Hoje temos casos, em todo o país, e a cerca está a criar problemas desastrosos com a fome.
As empresas estão a ruir, não há interacção entre as outras provinciais e Luanda, o que provoca grande dificuldades”, afirmou, à imprensa. O deputado explicou que a UNITA aconselhou a Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate à Covid-19 e o Executivo a exortarem as populações para o uso de material de biossegurança para que a vida continue normalmente.
“A cerca sanitária a Luanda impediu que os casos chegassem às outras provinciais?”, questionou Raul Danda, respondendo ele próprio negativamente. “É preciso que haja vida porque, se houver pessoas, não vão morrer de Covid-19, mas pelos efeitos da Covid-19”, disse.
MPLA pede respeito pelas autoridades sanitárias
O quarto vice-presidente do grupo parlamentar do MPLA, João Pinto, discorda da posição da UNITA e apelou ao “bom senso, respeito e experiência técnica dos médicos e do Ministério da Saúde”. “Só o Executivo e o Ministério da Saúde têm os dados do ponto de vista legal, técnico e científico do risco de abertura da cerca sanitária de Luanda”, afirmou.
João Pinto lembrou que a cerca sanitária a Luanda foi estabelecida por uma questão de saúde pública. O deputado do MPLA entende que se deve transmitir às pessoas a cultura de responsabilidade, respeito pelo outro e evitar o risco. “Se sabemos que a quantidade de transmissão do vírus em Luanda é mais elevada, deve haver maior cuidado”, disse o deputado, para quem devem criar-se mecanismos para suavizar a cerca sanitária a Luanda.
O parlamentar defendeu, igualmente, que os cidadãos se adaptem ao “novo normal” e propôs o reinício das aulas nas províncias, onde a pandemia não se faz sentir com grande intensidade. “O ano lectivo começa em Março, se não se tomarem medidas para com os finalistas das várias classes, vamos ter um ano perdido, com consequências para as gerações futuras”, alertou.
CASA-CE propõe desagravamento
O presidente do grupo parlamentar da CASA-CE, Alexandre André, defendeu o desagravamento da cerca sanitária a Luanda e o reforço das medidas de biossegurança. “Só assim teremos o país outra vez conectado com a capital, com as devidas prevenções para se evitar o alastramento da doença”, sublinhou.
O deputado afirmou que a cerca sanitária tem criado vários constrangimentos. “É uma situação que está a prolongar-se e a criar, também, consequências indesejáveis à população, principalmente da província de Luanda e do município do Cazengo, no Cuanza-Norte”, disse. Alexandre André reconheceu que a pandemia está a alastrar-se, mas disse ser necessário redobrarem-se as medidas de biossegurança e aliviar outras, para que as empresas possam produzir.
FNLA é pela defesa da vida
Lucas Ngonda, da FNLA, também discorda da abertura da cerca sanitária a Luanda e entende que se “deve defender a vida”. “Quais são os elementos que justificam o levantamento da cerca sanitária a Luanda?”, questionou o deputado, lembrando que os números continuam a subir diariamente e Luanda mantém-se como o epicentro da pandemia.
Ao invés de se levantar a cerca sanitária à Luanda, o líder da FNLA defendeu que o Executivo tome medidas suplementares para acabar com a pandemia na província. “Levantar a cerca sanitária agora fica complicado porque é todo o país que fica infectado. Apesar de se estarem a montar laboratórios, isso não é suficiente”, considerou.
“Se a Europa, que está mais avançada em termos de tecnologias, tem dificuldades, o que temos nós para impedir que a doença se espalhe em todo o país?”, questionou. Lucas Ngonda sugeriu que o Executivo utilize o dinheiro resultante do repatriamento de capitais para ajudar as famílias com dificuldades devido à Covid-19.
“Por que o Estado não disponibiliza um orçamento para acudir as famílias durante este Estado de Calamidade?”, perguntou o político, para quem esta seria uma boa medida de governação. “Não basta cobrar impostos”, criticou