Fonte:ANGOP
Lubango – Pelo menos mil e 118 famílias, de duas mil e 698 seleccionadas pelo programa de Fortalecimento do Sistema de Protecção Social “Kwenda” no município da Cacula, província da Huíla, receberam desde Maio até agora a primeira transferência monetária de 25 mil kwanzas trimestral, num valor global de 27 milhões e 950 mil kwanzas.
Ao avançar a informação esta quarta-feira, no Lubango, o chefe do departamento executivo provincial do Fundo de Apoio Social (FAS) na Huíla, Frederico Sanumbutue, disse que em função da disponibilidade dos cartões milticaixas do BFA, que constitui o mecanismo de pagamento, só foi possível efectuar esses pagamentos, os restantes mil e 580 estão condicionados a disponibilidade dos cartões.
Indicou que na Cacula, por ter um antecedente de investimento social por parte de algumas organizações não-governamentais, estão a incentivar a população beneficiária, além da alimentação, a investirem em pequenos negócios.
“Também recebem cestas básica e medicamentos, pois temos muitos idosos, senhoras abandonadas e viúvas, um benefício que é bem-vindo para eles, na resolução de problemas imediatos”, acrescentou.
Dos beneficiários, sublinhou que 68 são da comunidade SAN, assessorados por Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitári, que relatam a tendência do grupo, antes nómada, de usar o dinheiro para a compra de comida, enquanto a população Bantu está a comprar sementes e animais para a criação.
Explicou que com a Organização Cristã de Apoio ao Desenvolvimento Comunitário (OCADEC), está ajudar os SAN, vulgo “khoisan” da aldeia da Hupa a criar hortas comunitárias, alguns já estão a desenvolver a iniciativa, impulsionando a agricultura familiar e a cestaria.
Frederico Sanumbutue referiu que na componente de inclusão produtiva, a administração municipal local fez o mapeamento das principais iniciativas a serem apresentadas pelos beneficiários das aldeias onde decorrem o “Kwenda” para poderem ser acompanhadas.
Por sua vez, o administrador-adjunto da Cacula, Custódio Satiaca, disse que a administração está a desenvolver um diálogo comunitário, dando balizas daquilo que cada família devia fazer para que o recurso seja melhor aproveitado.
“O projecto vai durar 12 meses para cada família e é bom que no final, cada uma pudesse encontrar sustentabilidade para não voltar na condição de vulnerabilidade. Queremos que o recurso fosse melhor utilizado para o bem-estar de cada família”, continuou.
Como o Kwenda vai mudar a vida nas comunidades?
Fernando Cassanga, pai se sete filhos e residente na aldeia de Calombue, contou que com os 25 mil já recebeu semente de feijão e gado caprino, que o vai ajudar a sustentar a famílias dentro de casa.
Uma outra beneficiária, Josefina Catumbo, da aldeia do Mapile, disse que o dinheiro que recebeu também vai servir para sustentar a sua filha, desde a compra comida, aquisição de animais como porcos e cabritos, bem como apostar numa pequena horta que tem, com vista tornar rentável o subsídio.
Avelina Muimba, outra contemplada pelo projecto, da aldeia de Nongongue frisou que com a pouca chuva que se abateu na região, impedindo que produzisse o milho, optou por pequenos negócios de bens alimentares, que já tem resultados.
O projecto “Kwenda” é um conjunto de políticas de assistência e protecção social a favor de cidadãos e famílias em situação de maior vulnerabilidade no país. É constituído por quatro componentes, nomeadamente, a atribuição de renda a um milhão e 600 mil famílias em situação de vulnerabilidade, num período de três anos, em que cada família vai ter um apoio num período de um ano.
As outras componentes estão ligadas ao apoio a inclusão produtiva com acções geradoras de rendimento, apoio a implementação e funcionamento de 19 Centros de Acção Social Integrados (CASI) e Fortalecimento do Cadastro Social Único (FCSU).
O município da Cacula é o único dos 14 da Huíla indicado nessa primeira fase.