OS 9 ANOS DO «KILAMBA»
A cidade dormitório, que alberga milhares de luandenses, sobretudo jovens, fez 9 anos de idade. O seu surgimento veio preencher um enorme vazio em matéria de alojamentos numa cidade que tinha uma das rendas mais altas do mundo. Representou um rude golpe aos empresários do sector.
A centralidade do Kilamba foi, sem dúvida, uma das maiores obras públicas do eduardismo, com recurso ao crédito chinês. Não se sabe ao certo quanto custou aos cofres do Estado angolano, mas diz-se que terá engordado os bolsos de uns poucos «tubarões» afectos à SONIP, o antigo braço imobiliário da SONANGOL.
A também conhecida cidade dos kilapeiros, fala-se num descaminho de milhões de dólares de um kilapi que Angola não terá pago ainda à China.
Dos que ali vivem Fala – se a boca pequena que há muitos que nunca devolveram sequer 1 kwanza ao Estado ao longo de 8 anos de moradia.
O «Kilamba» já foi num passado recente um «cartão de visitas» que era dado a ver aos inúmeros estadistas africanos que, volta e meia, aportavam em Luanda e cá vinham enaltecer os feitos do «arquitecto da paz»…
Era uma espécie de espelho de «boa governação» que, na óptica dos governantes angolanos, deveria ser seguido pelos líderes do continente, sobretudo os que pretendiam eternizar-se no poder.
Segundo, Francisco Lopes dos Santos Engenheiro Hidráulico e Sanitarista
“Grande parte dos resíduos fecais provenientes da Centralidade do Kilamba têm sido despejados na área onde se encontra o Hotel Victoria Garden, um crime ambiental gravíssimo (…)
A estação de tratamento de esgotos da centralidade do Kilamba, além de estar avariada há muito tempo, foi construída a contravento, fazendo com isto que o cheiro nauseabundo vá em direcção à zona habitacional, causando danos irreparáveis às populações de lá (…)”
Por detrás desta ilha da opulência e vaidade escondiam aos olhos dos visitantes os mares de misérias dos mussuques e bairros de lata dos descamisados e deserdados que viviam, ou vegetam com menos de dois dólares por dia.