Jardins da Yoba investe USD 7,4 milhões na produção de sementes

Lubango – Sete milhões e 490 mil dólares é o valor investido, desde 2016 até a presente data, pela empresa Jardins da Yoba, na produção e multiplicação de sementes melhoradas de milho, feijão, massango, massambala e batata-rena, província da Huíla.

  • Huíla: Produção de sementes na fazenda Jardins da Yoba
  • Huíla: Produção de sementes na fazenda Jardins da Yoba
  • Huíla: Produção de sementes na fazenda Jardins da Yoba
  • Huíla: Produção de sementes na fazenda Jardins da Yoba

A zona de produção está implantada numa área bruta  de 450 hectares, onde funciona um centro de produção e de melhoramento de sementes( na Humpata), três fazendas de multiplicação, no município da Chibia, e um bloco de multiplicação na fazenda Chivemba, localizada em Ombandja (Cunene).

A informação foi dada hoje à ANGOP, no Lubango, pelo director-geral da empresa, João Saraiva. “ Exceptuando USD 500 mil provenientes do programa “Angola Investe”, todo investimento é privado”, realçou o gestor.

Disse que pretendem, a curto prazo, investir mais  de cinco milhões e 600 mil dólares para um plano de expansão e especialização da área produtiva com aquisição de mais uma unidade de produção e construção de uma nova unidade de processamento de sementes, uma linha adquirida no Brasil.

O plano está a ser elaborado e negociado com a banca, prevendo-se,  igualmente, a aquisição de uma nova fazenda e a nova unidade que vai processar 10 toneladas/hora, equivalente a 120 toneladas/dia, contra as 20 processadas  diariamente hoje.

A referida unidade, segundo o também engenheiro, vai operar de acordo com o padrão de referência internacional, podendo ser utilizada para terciarização de processamento de sementes por multinacionais, que posteriormente irão desembocar em campos de multiplicação no nosso país.

Actualmente, de acordo com a fonte, a empresa produz e multiplica sementes de milho, nas variedades conhecidas como o sahara, omona yeto, sveta xg, ao passo que na batata-rena, com uma parceria estratégica de uma empresa holandesa, multiplicam as diversidades “monte carlo” e “toronto”.

No caso do feijão, massango e massambala, adiantou que ainda se encontram num estado embrionário no programa de selecção e melhoramento, onde multiplicam variedades locais melhoradas, mas com linhagens promissoras, sobretudo no massango, onde pretendem melhorar e seleccionar uma variedade com aciculas, que impedem o ataque de pássaros.

“Em 2022, pretendemos chegar com as duas primeiras variedades híbridas de milho-laranja e bio-fortificado, fruto de um trabalho que temos conduzido com o Centro Internacional de Melhoramento do Milho e Trigo (CIMMYT) e Instituto de Investigação Agrária (IIA), no âmbito de um programa exclusivo de acesso à germoplasma”, explicou.

Reafirmou que a empresa multiplica actualmente acima de  mil toneladas de semente de milho, massango e massambala, com maior peso para o milho, acerca do qual estimam este ano estar muito próximo das 800 a 900 toneladas, ao passo que no caso da semente de batata-rena produzem uma média anual de 1200 a 1500 toneladas, repartidas por duas épocas de produção no ano.

Mercado de consumo

No caso das sementes, o mercado é todo interno, segundo o empresário, e está segmentado em cinco grupos. O primeiro está relacionado com os programas de fomento da produção agrícola com especial relevo para o Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA), o segundo é dos retalhistas de insumos agrícolas e o terceiro são as cooperativas agrícolas e agrupamentos de agricultores.

“Um quarto grupo são as lojas locais e por fim temos o grupo das empresas e agricultores, embora deixem que o segmento seja atendido pelas lojas de insumos, colmatando algumas dificuldades de comercialização por parte dos mesmos, sendo que a política é deixar que o mercado seja atendido a retalho pelas lojas”, detalhou o empreendedor .

Fez saber que as necessidades do país em sementes para a área de milho são de 40 mil toneladas anuais e o país produz apenas três mil.

Apontou ainda dificuldades no sector produtivo e estruturais para todos, mas reconhece o esforço do Executivo angolano de atender aos anseios dos produtores nacionais, com a materialização de programas e pacotes de estímulo e financiamento, com particular relevância para os acompanhados pelo Ministério da Economia e Planeamento.

João Saraiva disse que a desvalorização da moeda nacional tem tido um “forte” impacto na liquidez dos produtores nacionais condicionando o acesso dos mesmos aos factores de produção que maioritariamente são importados directa ou indirectamente, trazendo consigo uma forte pressão inflacionária.

Outros projectos dos Jardins da Yoba

As iniciativas da empresa não se restringem ao sector das sementes, pois pensam no sector da fruticultura, uma vez que a província possui regiões particulares e distintas, onde se podem obter produções de especialidade e de alta qualidade, como a pêra, maçã e ameixa, na Humpata, e os citrinos, no município da Chibia.

“Já temos uma importante área de produção de citrinos na Fazenda Mucuma e Yoba, com cerca de 30 hectares e onde obtivemos provavelmente as laranjas com maior grau brix na região, cerca de 12, e limão Eureka de classificação visual de pontuação máxima e onde a qualidade foi altamente referenciada no país”, sublinhou

A empresa estabeleceu-se no município da Chibia há cinco anos, onde começou a efectuar os primeiros estudos e selecção de adaptabilidade para as variedades holandesas de batata rena. Em 2016 obtiveram as primeiras produções de tubérculos, semente certificados pelo Serviço Nacional Sementes (SENSE).

O programa de milho iniciou há quatro anos e nos últimos dois anos, com apoios, conseguiram atingir prestígio que rapidamente colocou o país novamente no roteiro internacional de produção de sementes, principalmente no âmbito dos acordos multilaterais com o CIMMYT.

O trabalho que se faz durante dois a três anos na unidade especializada da Humpata acaba nas fazendas de multiplicação de sementes certificadas, sendo por fim essa semente é colhida de forma especial e processada na unidade de processamento de semente localizada no município do Lubango.

O ciclo de quatro anos acaba nos campos de empresas, agricultores e camponeses, onde a semente é plantada e esperam que os beneficiários dela tirem o melhor proveito e que contribua para uma melhor produção, mais adaptada às condições de solo, clima, pragas e doenças locais.

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