Isabel dos Santos: A Gigante com perna de barro soma a sua segunda derrota*

Por: Luís de Castro .

Isabel dos Santos: A Gigante com perna de barro soma a sua segunda derrota*

Depois de vários anos só a “multiplicar”, a primogénita do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, está a aprender, da pior forma a usar a calculadora, apenas e só, para dividir e/ou subtrair, ou seja, está a perder muitos “zeros” no seu saldo bancário e activos.

Há sensivelmente uma semana a Engenharia Isabel dos Santos levou “um soco” no estômago ao assistir nos camarotes a nacionalização da Efacec, empresa portuguesa com vasta presença internacional com tecnologia própria nas áreas de Produtos de Energia, Sistemas e Mobilidade. O governo português nacionalizou 71,73% do capital da Efacec, correspondente à participação da empresária angolana, supostamente para salvaguardar a sobrevivência da empresa. Mal conseguiu de se reerguer do knockout (K.O), resultado da nacionalização “temporária” da Efacec, eis que surge uma triste notícia para a Isabelinha, que viu chumbada a acção judicial contra o Estado angolano, relativamente a anulação do decreto presidencial, sobre a implementação do projecto do Porto da Barra do Dande, revogado pelo Presidente angolano, João Lourenço, em 2018, por alegado o acto de favorecimento à favor da Atlantic Ventures. Caiu assim por terra a tão almejada indemnização no valor de 850 milhões de dólares, que IS esperava abocanhar do Estado angolano.

O Tribunal Arbitral de Paris não deu provimento ao processo aberto contra o Estado angolano pela empresa Atlantic Ventures, ligada à empresária Isabel dos Santos, que contestava a revogação da concessão do Porto do Dande à referida empresa, para a construção do Porto da Barra do Dande, província do Bengo. Para o desespero da “Mulher Mais Rica de África”, o Tribunal francês decidiu dar razão ao Estado angolano no processo, deixando a Atlantic Ventures à ver navios, e tudo indica, que o mediático projecto jamais sairá do papel. Como se não bastasse, a Empresária africana mais “bem sucedida” da última década vai usar a calculadora para fazer contas de subtração, ou seja, deve pagar ao Estado angolano o montante de 132,8 milhões de kwanzas (203 mil euros) pelos custos causados pela arbitragem, de acordo com o Tribunal Arbitral de Paris.

IS tinha esperança que viesse um milagre da terra da Torre Eiffel. Lamentavelmente, a montanha pariu um rato e a empresária que se destacou vendendo ovos, somou mais uma “derrota”. Aos poucos IS vai perdendo o sorriso irradiante, e até as suas belas “covinhas” mudou de endereço. Num exercício de “desinformação” e branqueamento de imagem, a Atlantic Ventures afirma que cumpriu à risca com todos os procedimentos legais para adquirir a concessão do projecto, e por outro lado, a materialização do projecto jamais iria agravar a dívida pública do país, uma vez que o valor do investimento não é pago pelo Estado, mas sim pelos investidores, não obstante, a amortização do custo da obra seria paga com os rendimentos provenientes das transações portuária.

O Execuivo angolano liderado por João Lourenço, o Xadrezista-mor, já deixou claro que está a “equacionar” uma acção criminal contra a Atlantic Ventures, relativamente ao dossier Porto de Dande. Na visão da empresária angolana, “o Tribunal Arbitral carece de competência para decidir sobre o mérito da demanda apresentada pela demandante”, lê-se no documento da decisão divulgado pela Atlantic Ventures.

Tudo aponta que, aos poucos, o cerco vai se fechando para a “menina dos ovos de ouro”, após circular notícias que IS ameaçou os administradores da operadora de telefonia móvel Unitel a ser paga em dinheiro, um “pedido” que foi redondamente negado, por razões óbvias, tendo em conta o processo de arresto de bens em Angola, a que está a ser alvo. A mentora da Unitel teve um ataque de nervos, serrou os dentes, ainda assim de nada valeu. Nas vestes de administradora, Isabel dos Santos persuadiu, a Unitel a lhe pagar o salário mensal de 44 mil euros em dinheiro, contrariando a habitual transferência bancária, tal como rege o contrato celebrado entre as partes. A atitude de IS é caracterizada como um sinal de desespero, a julgar que a empresária ameaçou aplicar processos judiciais os outros administradores do Conselho de Administração da Unitel.

A pergunta que não quer calar: será que o “império” de IS já começou a desmoronar? Não há dúvidas que Isabel dos Santos ainda tem a marca dos seus “tentáculos” por todo lado, e lobbies, capaz de lhe manter viva no mundo dos negócios. Porém, a verdade é que nessa altura soma a sua segunda derrota em menos de trinta dias (Efacec e Porto da Barra do Dande), sem colocar de parte o arresto de todos os bens em Angola e Portugal continua a lhe tirar o sono.
Ainda está por se desvendar a “carta na manga” de IS para reverter o jogo, ou até que ponto, o Xadrezista já acionou o “controle remoto” e vai jogando as peças no tabuleiro, rumo ao combate à corrupção e impunidade, e obviamente a recuperação de activos, que muita falta faz aos cofres do estado angolano.

Caso prevalece o resultado de dois à zero, ou até uma goleada a seu desfavor, aos poucos, Isabel dos Santos vai ganhando o rótulo de gigante com perna de barro.

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