Os generais angolanos Hélder Vieira Lopes “Kopelipa” e Leopoldino Nascimento “Dino” informaram o Presidente João Lourenço que estão dispostos a entregar ao Estado ativos que poderão ascender a mais de mil milhões de dólares, revela o semanário português Expresso.
Os dois generais deverão ser ouvidos na Direção Nacional de Investigação e Ação Penal (DNIAP), da Procuradoria-Geral da República (PGR) na terça-feira, 13, e quarta-feira, 14, depois de terem sido constituidos arguidos no caso que envolve a construção de imóveis por uma companhia chinesa.
Este interrogatório estava inicialmente previsto para ter ocorrido na passada semana, mas foi adiado a pedido dos dois generais.
O Expresso escreve que “Kopelipa” e “Dino” – considerados das personalidades mais fortes no regime do antigo Presidente José Eduardo dos Santos – enviaram na quarta-feira, 7. uma carta ao Presidente João Lourenço indicando estarem dispostos a entregar os seus negócios ao governo angolano.
O semanário acrescenta que o general “Dino”, “acusado de crime de falsificação e burla deverá liderar o processo de cedência de 40% do seu grupo na Biocom ….erguido com uma garantia do Estado de 200 milhões de dólares e detido igualmente pela Sonangol (20%) e Oderbrecht (40%)”.
Os dois generais deverão entregar também ao Estado a maior cadeia de supermercados do país, a Kero, que “é também propriedade do antigo vice-presidente Manuel Vicente”.
Por seu turno, o general “Kopelipa”, “suspeito de crime de corrupção e de branqueamento de capitais está disposto a entregar ao Estado a maior gráfica do pais, a Damer, ” e ainda “o vasto universo empresarial do CIF que inclui uma fábrica de cervejas, uma central térmica e uma linha de montagem de autocarros”, adianta o mesmo jornal.
A CIF (China International Fund) é uma companhia chinesa envolvida na construção de imóveis e, segundo a acusação, os dois generais terão beneficiado dos negócios que o Estado teve com a empresa, no âmbito do extinto Gabinete de Reconstrução Nacional.
Manuel Vicente
O envolvimento da Sonangol em vários destes negócios na altura em que Manuel Vicente era presidente da companhia levanta agora a possibilidade do ex vicepresidente ser envolvido nas investigações.
O Expresso cita uma fonte judicial não identificada como tendo dito que Manuel Vicente “como antigo presidente da Sonangol ao ter trazido o negócio para Angola tem de abrir o jogo”.
Em 2016, a China prendeu Sam Pa, tido como o verdadeiro poder na CIF e na China Sonangol e que viajava com passaportes de diversos países, incluindo um angolano, com o nome de António Sampo Menezes.
Sam Pa alegadamente apropriou-se através da CIF de créditos no valor de 2 mil e 500 milhões de dólares atribuídos a Angola em 2010 pela China.