O presidente da FNLA, Lucas Ngonda, notifica, amanhã, o secretário-geral suspenso, Pedro Dala, para, num período de três dias, proceder à entrega das pastas ao secretário-geral interino, Aguiar Laurindo.
A decisão foi tomada na última reunião do novo secretariado do Bureau Político, realizado, na quinta-feira, sob orientação de Lucas Ngonda, a cujas conclusões o Jornal de Angola teve acesso apenas na sexta-feira.
O secretário para a Informação da FNLA, Mfinda Matubacana, esclareceu, ontem, este jornal, que os três dias começam a contar a partir de segunda-feira, data em que Pedro Dala, que se recusa a abandonar o cargo, deve acusar a recepção da notificação.
De acordo com o comunicado final do secretariado do Bureau Político, os secretários nacionais não reconduzidos na última remodelação feita pela presidente do partido deverão cumprir com o mesmo procedimento a ser tomado pelo secretário-geral suspenso. Os secretários recém-empossados devem, em dez dias, apresentar o programa de acção das respectivas secretarias.
Lucas Ngonda suspendeu, a 26 de Agosto, Pedro Dala do cargo de secretário-geral da FNLA, por alegada traição ao pacto de unidade do partido e criação de um suposto grupo para a destituição do presidente. Dala, que já tinha sido acusado, por membros do Comité Central, de incompetência, gestão danosa, nepotismo e desvio de contribuições de comissários do partido na CNE, negou todas as acusações.
Durante uma conferência, na quarta-feira, MfindaMatubacana acusou Pedro Dala de ser o artífice dos boicotes às reuniões do Comité Central, por falta de quórum. Informou que uma comissão de inquérito constatou que as convocatórias das reuniões eram entregues tardiamente e, muitas vezes, no próprio dia das reuniões do Comité Central. Estas reuniões, disse, seriam decisivas na concretização do processo de reconciliação da FNLA.
Pedro Dala pede intervenção do Tribunal
Pedro Dala reuniu, na sexta-feira, com 20 membros do Bureau Político, no final do qual emitiram um comunicado no qual acusam o Lucas Ngonda de estar a proceder a exonerações em massa dos primeiros secretários provinciais que, supostamente, não se revêem na decisão da suspensão do secretário-geral.
No comunicado, os seguidores do secretário-geral suspenso solicitam ao Tribunal Constitucional que decida, com urgência, sobre os problemas da FNLA, de forma a travar aquilo que consideram ser “decisões arbitrárias do presidente Lucas Ngonda”.
Entendem que Lucas Ngonda está a mostrar-se incapaz de dirigir um partido de dimensão histórica como a FNLA, pois “está a contribuir para a divisão, desestruturação e desarticulação do pensamento político e violação grosseira e inequívoca dos estatutos do partido”.
Fonte: Jornal de Angola