Sempre soube que Ramiro Aleixo
tinha laivos psíquicos mas nunca soube da sua miopia
Laura Tavares
Ramiro Aleixo renegociou o pagamento da dívida que tem com Tchizé e Zenu, contraída nos últimos anos da governação de José Eduardo dos Santos, e agravada com a sua inclusão na folha de salário do Fundo Soberano como consultor de comunicação, passando a liquidar com textos caluniosos sobre o governo, os seus membros e o Presidente da República. As pessoas próximas confessam que Aleixo estava a passar por situação muito complicada, somando dívidas com os seus colaboradores, devido ao incumprimento do pagamento dos salários, decorrentes da baixa significativa nas vendas do jornal. O jornalista aceitou, então, pagamentos para fazer textos contra o governo de José Eduardo dos Santos. Os artigos levaram a que fosse contactado pelos filhos, Tchizé e Zénu, através de um elo localizado na altura no Fundo Soberano. Ante a advertência de que devia evitar a situação, Ramiro Aleixo reagiu mal e ofendeu todos que tentaram o chamar a razão. Alguns dos colaboradores no jornal o abandonaram porque julgavam uma traição aquele vínculo. O que mais importava, para Ramiro era fazer dinheiro. Terá confessado que dinheiro era o que importava. Nada mais.
No Fundo Soberano, também, não foi bem vista essa relação. Tchizé e Zénu foram advertidos, mas eles queriam apenas reforçar a linha de manipulação da opinião pública. E o novo mercenário tinha um papel nisso. O homem que escreveu contra José Eduardo dos Santos, agora tinha de escrever para o defender e perpetuar no poder. E fez. Ramiro Aleixo começou a trabalhar para a família real, escreveu vários textos a mostrar como tudo era uma maravilha, sob pseudônimo. O dinheiro começou finalmente a entrar. Até que o país mudou com a vitória de João Lourenço em 2017. Nessa altura, Ramiro ainda escreveu a dizer bem de João Lourenço. Quando o Executivo tocou no Fundo Soberano e, em decorrência, caíram todos, o seu Conselho de Administração, mais os filhos, e o próprio Ramiro, ficou muito complicado, pois a fonte parou de jorrar, não havia mais dinheiro. Para um mercenário, isso é um problema grave.
Ramiro Aleixo contou a amigos que tinha garantias de fazer parte da nova equipa de comunicação do Fundo Soberano. Eram só elogios a João Lourenço. Isso não aconteceu. O homem transformou-se. Consta que os seus familiares ficaram preocupados, pois em tempos, não muito distante, Ramiro não dizia coisa com coisa, e embrulhava papéis à boca, não dormia, ficava aos gritos. O homem tem laivos psíquicos. Isso eu sei. Aliás, não é de agora. Maluco… Bem, talvez. Digamos que tecnicamente sim. Os amigos, os novos, são imediatamente avisados pela família. A relação a qualquer momento pode passar de amena para crítica, entenda-se, de alto risco.
A história dos óculos, nunca soube, sinceramente, que é para controlo da miopia. Afinal, é. Então, um homem que fala no uso de dinheiro público, que a possibilidade de construção de uma clínica dentária no palácio presidencial foi inscrita no Orçamento Geral do Estado, e mais, mais e mais, mas não consegue se referir ao orçamento, tão pouco a sua essência. Quer o Ramiro Aleixo levar as pessoas a pensar que tudo que está previsto no orçamento vai ser feito e que esse dinheiro está guardado nas contas do tesouro. Veja a sua afirmação: “nunca mais diga não tem dinheiro”. Ponto. É de loucos. E diz-se jornalista. Nem uma abordagem técnica sobre um orçamento, nem uma crítica elaborada sobre uma obra de construção civil, nem uma opinião sobre a construção de uma possível clínica no palácio presidencial sabe manifestar. Olha, estão lhe rir, é jornalista. Pois a vergonha do jornalismo, assumo eu.
Ramiro Aleixo. Bem, atenção. O Orçamento Geral do Estado, como qualquer orçamento, é previsão. Vou ser o mais simples para entenderes. Atenção. Temos, o país, nem tu e eu, dizia, o país, as fontes de receitas que concorrem para a formação do orçamento. Certo? A principal é o petróleo. Depois temos as despesas, que são as nossas necessidades, etc, etc. Fazemos uma previsão da entrada de dinheiro e das despesas, temos basicamente o orçamento. Temos, verdade, outras coisas. Sabemos do dinheiro, este vai para ali, e para acolá, e mais para lá, em projecção. Então cruzamos as entradas e as necessidades, para aplicar o orçamento, isto é, tratar da sua execução. Está ou aquela obra pode até não ser concluída. Já agora, vá se consultar o Carlos Rosado, ele sabe de fontes e formação de orçamentos. Ah, só não sabe de dentes nem de clínicas dentárias, talvez um dia admita publicamente, como já admitiu que não é jornalista, e agora a primeira coisa que pede quando vai a um debate é: por favor, não diga que sou jornalista. É que eu, por escrever, pensava que era, afinal não, sou economista. Bem Carlos, agora trabalhe para deixar de se mostrar como dono da razão. Por agora, aconselhe o desnorteado Ramiro Aleixo. Viva Angola!