Cinco crianças dão entrada, diariamente, no Centro de Tratamento de Hidrocefalia, à procura de cura. Condições financeiras de muitas famílias voltam a «bloquear» cirurgias.
O Centro Neurocirúrgico e de Tratamento de Hidrocefalia (CNCTH), localizado no bairro Kifica, em Luanda, continua com dificuldades financeiras para dar resposta aos casos que diariamente chegam à instituição. Nos últimos meses, de acordo com a direcção da unidade, foram atendidas mais de 100 crianças com hidrocefalia, uma média de cinco casos por dia, 35 por semana e 140 por mês.
“As famílias têm dificuldades de pagar as cirurgias. Diariamente, recebemos cerca de cinco casos. Temos muitos pacientes que estão a fazer acompanhamento pós-cirurgia”, explicou José de Sousa, director do CNCTH para a área social.
O responsável reafirmou que grande parte dos pacientes pertence a famílias carentes, sem condições para custear uma cirurgia, que actualmente custa 200 mil kwanzas, daí que reforçou, mais uma vez, a necessidade de o Governo, através do Ministério da Saúde (MINSA), prestar especial atenção a esta doença.
José de Sousa fez saber que o centro recebeu apoio, pela primeira vez, do MINSA, em materiais de biossegurança e da empresa SOGESTER, que construiu algumas infra-estruturas de apoio à unidade hospitalar, como farmácia, lavandaria, cozinha, entre outras.
Estima-se que apenas trezentas a quatrocentas crianças, entre as 10 mil diagnosticadas com hidrocefalia anualmente, são intervencionadas em Luanda – a única província, à excepção da Huíla, onde trabalha a maioria dos neurocirurgiões e onde está localizado o maior centro de tratamento da doença.
Este semanário sabe que a cerca sanitária à província de Luanda, motivada pelos elevados casos positivos de Covid-19, está a criar vários constrangimentos no tratamento de pacientes que vivem noutras regiões do País.
Pacientes ainda não receberam apoio da Live Solidária dos SSP
Um mês após a realização da Live no Kubico com o grupo SSP, um dos mais emblemáticos do hip-hopangolano, numa produção da TPA e do portal Platina Line – evento que visou arrecadar fundos para apoiar crianças com hidrocefalia -, o CNCTH ainda aguarda pela doação.
“O anúncio despertou atenção aos pacientes que aguardam esperançosos, mas, até agora, ainda nada recebemos. A comissão responsável pela Live no Kubico ainda não se pronunciou”, disse José de Sousa.
Contactado por esse semanário, o director de informação da TPA e um dos responsáveis pela produção da Live no Kubico, Cabingano Manuel, explicou que a doação será feita dentro de semanas e justificou o atraso com as poucas receitas arrecadadas.
“Só conseguimos arrecadar três milhões de kwanzas, que é muito pouco. Vamos procurar fazer um acréscimo, através de outras instituições. Na primeira ou segunda semana de Novembro, o CNCTH vai receber”, garantiu.