4 de Agosto, 2020
O diário “Correio da Manhã”, o de maior tiragem em Portugal, dedicou, ontem, o seu principal título de capa à empresária angolana Isabel dos Santos.
Com o título “Facturas Suspeitas Tramam Princesa”, o jornal dá conta do acórdão do Tribunal Supremo que revela que Isabel dos Santos, já depois de ter sido exonerada da presidência da Sonangol, terá enviado ao EuroBic 55 facturas suspeitas de serem falsas prestações de serviços de consultoria da empresa Matter Solutions Business, à qual estava indirectamente ligada.
O “Correio da Manhã” adianta que, de acordo com o documento, Isabel dos Santos e Sarju Raikundalia terão desviado 131.148.782 dólares, em várias operações, que tiveram como destino a empresa sediada no Dubai. Dos 55 documentos em causa, “19 facturas foram emitidas no dia da exoneração” da empresária do Conselho de Administração da petrolífera estatal.
O acórdão, segundo o “Correio da Manhã”, revela que “a Direcção de Tecnologia de Informação da Sonangol detectou que as mesmas 19 facturas foram criadas no sistema da Sonangol entre às 16h43 e às 17h07 do mesmo dia 15 de Novembro de 2017”, ou seja, depois da exoneração, que ocorreu às 13h00 do dia 15.
Neste âmbito, “foram cobrados serviços à Sonangol que não se mostraram prestados, tendo, no entanto, esta procedido ao pagamento dos mesmos”.
Investigações em Portugal
O mesmo jornal dá, ainda, conta dos processos de investigações actualmente em curso em Portugal e que envolvem Isabel dos Santos. Um dos processos que está a ser investigado é o que se relaciona com o negócio da compra de parte da empresa “Amorim Energia”, uma das accionistas da petrolífera Galp.
Outro está relacionado com suspeitas de compra de uma mansão de luxo nos arredores de Lisboa, com dinheiros ilegalmente desviados dos cofres do Estado angolano.
Uma equipa coordenada pelo procurador Rosário Teixeira, que tem em mãos os principais casos de corrupção em curso na Justiça portuguesa, entre os quais o que envolve o antigo Primeiro-Ministro José Sócrates, segundo o “Correio da Manhã”, pondera reunir num único processo-crime os oito casos que envolvem a empresária Isabel dos Santos.
Em causa estão suspeitas das práticas de vários crimes de burla e branqueamento de capitais despoletados pelas denúncias no chamado processo “Luanda Leaks”, onde Isabel dos Santos surge como a líder de um grupo que inclui o seu marido, Sindika Dokolo, e o gestor português dos seus negócios, Mário Leite da Silva.
No centro das investigações estão também várias operações realizadas pelos bancos BIC Cabo Verde e Eu-roBic, em Portugal, por onde, alegadamente, passavam as principais movimentações financeiras que configuravam estas eventuais burlas e acções de branqueamento de capitais.