Despidos sem indemnizações na Metodista junta ex-professores em vigília

Ex-professores da Universidade Metodista de Angola (UMA), despedidos, em Junho desse ano, estão a realizar vigílias, desde sexta-feira, à porta da instituição do ensino superior e da residência principal da Igreja Metodista Central, por não verem solucionado a questão do pagamento das indemnizações a que têm direito.

Cerca de 100 funcionários, entre docentes e não docentes, endereçaram, para tal, uma carta ao bispo da Igreja Metodista, Gaspar João Domingos, no mês de Agosto, onde referem haver “impasses insustentáveis, sucessivos atropelos às leis, inconformidades e desrespeitos”, relativamente ao pagamento das indemnizações que lhe são devidas. 

Justificam terem endereçado a carta ao bispo e ao administrador da UMA, devido à dificuldade de acesso a estes dois responsáveis. Admitem que recorreram, ainda, a Gaspar João Domingos pelo facto de ser o líder da Igreja e homem da fé, “para que olhe para as 104 famílias, cujos dependentes estão na penúria, por não terem recursos para matar a fome”. 

Os ex-professores afirmam que estão feridos psicologicamente, por não entenderem, até à presente data, os critérios da expulsão utilizados por gestores expatriados. 

Na carta, assinada por 40 ex-trabalhadores, acrescentam que foi sempre política da UMA para que seus funcionários efectivos não devessem trabalhar numa outra instituição. Diante desta situação, explicam que não conseguem fazer face às despesas, depois do despedimento. Segundo eles, desconhecem os critérios e princípios de despedimento, uma vez que perderam, nesta fase, a única fonte de renda. 

De acordo com carta, a Lei Geral do Trabalho define que o trabalhador despedido sem justa causa deve receber a sua indemnização em três dias, após o acto de despedimento. “Nesta perspectiva perguntamos ao bispo por que a Universidade, uma instituição que pertence à Igreja Metodista, revela um perfil desumano e se julga acima da lei, por não pagar os despedidos de forma exemplar? 

Com a mediação da IGT, os ex-trabalhadores concordaram com a entidade empregadora para que o pagamento da indemnização fosse realizado em três tranches, a partir do dia 20 de Agosto. “Há um desrespeito total do acordo, assinado perante a IGT. Fomos comunicado que não há perspectiva de pagamento das nossas indemnizações compensatórias”. 

Ao rejeitarem qualquer outro adiamento, eles exigem pagamento imediato, admitindo que o representante da Universidade, durante as discussões, tem titubeado, chegando mesmo a apresentar termos de descontentamento, desgaste e solidariedade.


Reverendo fala em má fé dos promotores da reivindicação


O assistente do bispo da Igreja Metodista de Angola, Gaspar João Domingos, acusou a anterior administração da Universidade de estar a instigar os ex-professores a manifestarem-se, afirmando que “a mesma quer tirar partido da situação, provar aexcelência da sua gestão e tirar alguns dividendos”.

Manuel André disse que os ex-professores estão agir de má fé e que a reivindicação não tem razões de ser, “quando o acordo é pagar a segunda prestação da indemnização no dia 20 do mês em curso”.

“Sabe-se que há pessoas que querem manchar a imagem do bispo, uma vez tratar-se de um assunto da Universidade e não da igreja. As pessoas com quem podiam ir ter são as do corpo directivo da universidade”.

Afirmou existir uma acta subscrita pela direcção da UMA e os ex-professores, documento acordado com o testemunho do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, onde está plasmado que a segunda prestação deverá ser paga dia 20 de Setembro de 2020.

“Estamos na primeira semana do mês, então não se justifica alguém reivindicar algo que está em acta que seria quitado, apenas, no 20º dia no mês. Acho que há má fé em tudo isso. Porque se fosse algo acordado apenas entre a Universidade e o grupo de professores ai se podia dar o benefício da dúvida, mas para evitar esse tipo de situações preferimos, com mediações do MAPTESS aclarar todos passos a ser dados”.

Para o também reverendo da Igreja Metodista de Angola, seria lícito essas pessoas reagirem depois desta data, caso não fosse cumprido com o contracto.

Segundo Manuel André foi acordado o pagamento total da indemnização em quatro parcelas, sendo que a primeira foi paga mais ou menos, há 20 dias.

Em relação às vigílias, disse que a direcção da igreja tentou o diálogo com o grupo de ex-professores, mas sem sucesso. “Notei, de facto, ontem, um acto em frente à residência principal da igreja algumas pessoas, com alguns insultos, mas que minutos depois se retiraram”, disse.

Acrescentou que ao rejeitarem o diálogo, mostra até que ponto as pessoas “estão com pretensões maléficas, para continuar a fazer o espalhafato que estão a fazer”.

O reverendo Manuel André assegurou que a direcção da Igreja Metodista Unida de Angola está a trabalhar para que antes do dia 20 do mês em curso possa amortizar a segunda parcela.

“Temos consciência da situação para os ex-funcionários da instituição, mas não tivemos outra saída, por causa da crise financeira motivada pela suspensão das aulas, devido à Covid-19, fomos obrigados a encerrar o Campus de Cacuaco”, justificou o reverendo Manuel André.

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