Um cidadão ficou ligeiramente ferido ontem (sábado), na sequência de desentendimentos entre grupos de fiéis afectos a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) na cidade do Lubango.

Tudo aconteceu, por volta das 8h00, quando os fiéis da ala contra a Comissão de Reforma manifestavam o seu descontentamento ao surpreenderem os membros reformistas no interior da Catedral, sita na rua Deolinda Rodrigues, no bairro Comercial, Zona 4 urbano, no Lubango.
Empunhados de cartazes com dizeres “Não aceitamos a reforma, o caos é injusto. A reforma é pior que o ladrão. Queremos a nossa igreja”, entre outros, era o que se divisava.
Foi preciso a presença dos efectivos do Comando Provincial da Polícia Nacional na Huíla para conter a fúria da manifestação descontrolada dos fiéis que rompiam a catedral em gritarias.
O obreiro Júdice Walipi, explicou ao Jornal de Angola, que os pastores, obreiros e membros em geral da igreja, que um dia aceitaram o compromisso de trabalhar para a construção e implementação dessa instituição religiosa, manifestam-se publicamente e comunicam que a comissão de reforma na Huíla não se encontra provida de legitimidade e nem sustentação legal na prática dos actos que têm vindo a realizar.
Júdice Walipi que falou em nome dos fiéis, esclareceu que o início da comunidade da IURD na Huíla começou em 1992. Desde então, acrescentou, uma enorme luta passou a ser travada no sentido de construir-se uma comunidade coesa e coerente, com os seus propósitos.
“Com enorme sacrifício, cada etapa dessa construção, passou então, a ser materializada. Quiséramos nós que tivesse sido fácil, porém, não foi. Exigiu de cada membro, obreiro e pastor suor, lágrimas e renúncias que afectaram várias dimensões de nossas vidas. Isso, sem falar da fé, que teve de ser empunhada quando as tempestades e as contrariedades apareceram, tentando levar por água abaixo esse lindo e maravilhoso trabalho cujo nome, nós conhecemos”.
Júdice Walipi afirmou que não obstante as barreiras mencionadas, na medida que o tempo foi passando, conquistas foram sendo alcançadas e a comunidade deixou de ser um embrião, como uma criança passou a dar passos rumos à conquistas maiores.
Fundada sobre ideias e valores altruístas, salientou, não passíveis de avaliações pecuniárias, a “nossa igreja na Huíla alcançando milhares de corações e lançando sobre estes uma confiança, alegria e paz que nenhum tesouro existente na face da terra pode comprar”, disse, acrescentando que “não que seja por mérito de homens, mas, reconhecemos que tudo foi por causa da graça de Deus, que pesou sobre nossas vidas e pelo infinito amor de Jesus Cristo, sobre cada membro desta simples, mais grande e honrada instituição”.
Justificou que é em função dessa nobre função, que com bastante afinco e dedicação, “nos foi enxertada, nós os membros dessa igreja e partícipes dela, decidimos não nos calar, tolerar, consentir e compactuar com obras e comportamentos totalmente estranhos a finalidade da sua criação e implementação”, justificou.
O obreiro disse que os fiéis, movidos pelo sentimento de fúria, como o de uma mãe que vê o seu filho sendo posto em uma situação de perigo, levantaram-se ontem (sábado) e assumiram publicamente o seu descontentamento diante de todos os comportamentos desencadeados por aqueles que se intitulam por “Comissão de Reforma”, na Huíla.
“Nós pastores, obreiros e membros em geral da Igreja Universal do Reino de Deus, que um dia aceitamos o compromisso de trabalhar para construção e implementação dessa igreja, servimo-nos desse acto, para denunciar e comunicar publicamente que a referida “Comissão de Reforma”, não se encontra provida de legitimidade e nem sustentação legal na prática dos actos que têm vindo a realizar, pois, a mesma não dispõe de qualquer documento legítimo que lhe permita nos termos do Estatuto da Igreja, bem como das demais leis do Estado Angolano, a prática de tais actos”, denunciou.
Realçou que com a sua atitude, a “Comissão de Reforma na Huíla”, não somente viola os estatutos da instituição, como afronta toda a legislação vigente no Estado Angolano, que incide sobre as actividades religiosas.
“Exigimos o encerramento da Catedral do Lubango imediatamente e a restituição de todo património da igreja e acima de tudo, a reposição do bom nome da igreja e o respeito pelos direitos de cada membro comprometido com os ideais dessa igreja. Este é nosso grito hoje para que amanhã os nossos filhos e filhas vivam sobre um ambiente de paz e alegria como sempre sonhamos e nos foi anunciado”, defendeu.
A equipa do Jornal de Angola, tentou ouvir a versão dos membros da Comissão de Reforma da IURD, mas sem sucesso.
Entretanto, a nossa reportagem soube que alguns elementos que protagonizaram actos de vandalismo foram notificados pela Polícia Nacional, para a devida averiguação