Cuando-Cubango : Ex-vendedora ambulante virou empresária de renome Lourenço Bule | Menongue



Cuando-Cubango : Ex-vendedora ambulante virou empresária de renome
Lourenço Bule | Menongue
5 de Julho, 2020
Nascida na cidade de Menongue em 1972, Ana Bela Baptista Tchindandi – Bela Tchindandi para os mais chegados – devido a guerra que assolou o país, e o Cuando Cubango em particular, deslocou-se para a província do Lubango em 1980, com a sua mãe, funcionária pública na altura, onde fixaram residência no bairro Santo António.
Irmã mais velha de 17 irmãos, Ana Bela Baptista Tchindandi é uma mulher de sucesso no ramo empresarial. Começou a actividade empresarial em 1994, vendendo fuba, pão, bebidas alcoólicas, refrigerantes e petiscos, na cidade do Lobito, província de Benguela
Fotografia: Edições Novembro
Bela Tchindandi começou por frequentar o ensino primário na Escola 4, na cidade de Menongue, passando depois para a escola da Machingueira, na cidade do Lubango. Sem terminar o ensino médio e com apenas 18 anos de idade, isto em 1990, Bela Tchindandi passou a viver maritalmente com um membro das extintas Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA), no bairro Chimbuila, na cidade do Lobito, província de Benguela.
O marido de Bela Tchindandi passou para a reserva em 1991, com a patente de capitão e começou a trabalhar como protecção física na antiga fábrica de cimento do Lobito. Depois de dois anos o casal teve duas filhas e, dada a difícil situação económica e financeira da família, ela deu início ao seu primeiro negócio, em 1994, vendendo fuba de bombó e de milho na praça.
Em 1995 passou a vender bebidas alcoólicas, refrigerantes e petiscos na praia da Restinga. Em 1997 concluiu finalmente o ensino médio, na especialidade de Gestão Empresarial, no Instituto Médio Politécnico do Lobito. “A cidade do Lobito é bastante agressiva em termos de negócios, quer seja formal quer seja informal. Quando ia à praia me divertir aproveitava levar uma caixa térmica e fogareiro para vender bebidas e petiscos às pessoas que lá se encontravam”, disse Bela Tchindandi.
Depois de juntar uma boa quantia de dinheiro, em 2002, Bela Tchindandi juntou-se a um grupo de mulheres e passou a fazer viagens para o exterior do país, concretamente para o Brasil, onde comprava chinelas do tipo havaianas e cabelo brasileiro para vender nos diferentes mercados das províncias de Benguela e do Cuando Cubango. Sempre que possível ela vendia cabelo brasileiro, roupas, calçados e peixe fresco e seco numa loja alugada em Menongue, pertencente a um senhor de nome Nobre.
Longa trajectória
Com a morte do marido em 2004, Bela Tchindandi regressou ao Cuando Cubango no ano seguinte, e ao lado de seu pai general João Baptista Tchindandi (Black Power), governador da província do Cuando Cubango no período 2002-2008, indicado pela UNITA no quadro do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), abraçou a ideia de firmar-se como empresária.
Sem grande conhecimento do sector empresarial, Bela Tchindandi pede ajuda à sua prima e empresária Minga Junqueira, para poderem investir na província do Cuando Cubango, onde começaram a vender peixe fresco e seco e roupa usada (balões de fardo) em grandes quantidades na loja do senhor Nobre.
“Na altura a minha prima Minga Junqueira já tinha um carro de marca Nissan Patrol e fazíamos com ele todas as viagens para a província de Benguela em busca de produtos para comercializar. Passávamos vários dias na estrada, dormíamos sempre ao relento e os motoristas dos camiões que alugávamos questionavam sempre a nossa coragem”, recordou.
Nem tudo era um mar de rosas. Bela Tchindandi revelou que, depois de alguns anos, perderam mais de 400 toneladas de peixe, que estragou por falta de congelamento, visto que a cidade de Menongue enfrenta um grande défice no que tange à distribuição de energia eléctrica.
Viúva e mãe de duas menores, na altura, Bela Tchindandi, depois de perder uma boa parte do seu negócio, confiante, pediu crédito aos seus fornecedores na província de Benguela e nalgumas instituições bancárias, que, prontamente, atenderam ao seu pedido. E assim continuou a comercializar diversos produtos na cidade de Menongue.
“O meu pai, na altura governador do Cuando Cubango, a empresária Minga Junqueira e o senhor Dassala ajudaram-me muito para eu me firmar no sector empresarial e no ramo de negócios. Tudo que sei devo à minha querida prima”, disse. Acrescentou que durante a sua trajectória no ramo comercial teve perdas incalculáveis de mercadorias diversas.
Ana Bela Baptista Tchindandi em 2006 constituiu a empresa “Bela e Filhos”, com objecto social que se estendia pelo comércio geral, construção civil, obras públicas, telecomunicações e prestação de serviços.Com apenas um funcionário.
Considerada algumas vezes como “testa de ferro” de seu pai, o general João Baptista Tchindandi (Black Power), Bela Tchindandi revelou ao Jornal de Angola que nunca pensou que um dia se tornaria numa grande mulher de negócios.
Constituída a empresa “Bela e Filhos”, um ano depois a empresária ganhou a obra para construção de uma escola

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