Depois de sucessivos adiamentos, o presidente da FNLA, Lucas Ngonda, voltou a marcar, para os dias 16, 17 e 18 de Agosto do próximo ano, o quinto Congresso Ordinário do partido, que se espera venha pôr fim às desavenças entre as diferentes alas da organização política fundada por Holden Roberto.
No despacho, com a data de 17 de Agosto e cujo exemplar foi enviado à imprensa apenas ontem, Lucas Ngonda convocou, igualmente, as reuniões do Bureau Político (BP) e do Comité Central (CC) para os dias 21 de Setembro e 28 de Outubro do ano em curso, respectivamente, para tratar de assuntos relativos ao conclave.
Em Novembro do ano passado, o presidente da FNLA tinha convocado o quinto Congresso Ordinário para os dias 12 e 13 de Dezembro, mas, um dia antes das datas previstas, a comissão organizadora decidiu adiar o conclave, por alegadas “inúmeras insuficiências” na garantia das “condições técnicas”.
No documento enviado ao Jornal de Angola, Ngonda justificou os atrasos com o facto de se terem suscitado dúvidas sobre a legalidade da realização das oitava e quinta reuniões ordinárias do BP e do CC, em Setembro do ano passado. Depois de o Tribunal Constitucional ter esclarecido os factos e “ultrapassadas todas as dúvidas”, o presidente da FNLA estabeleceu um novo calendário, estando o destaque na marcação do próximo congresso para Agosto do próximo ano.
Entretanto, Fernando Pedro Gomes, um dos contestatários da liderança de Lucas Ngonda, acusa este de pretender se manter na direcção do partido até 2022, quando o mandato expirou em Fevereiro do ano passado e o partido continua na letargia. Alguns analistas adiantam que o congresso que Ngonda pretende realizar não vai mudar a situação em que se encontra a FNLA, sem que, antes, as partes desavindas se unam.
É que, além dos militantes fiéis a Ngonda, existem pelo menos mais quatro alas: a do ex-presidente Ngola Kabangu, a do professor Fernando Pedro Gomes, a de Carlitos Roberto, filho do fundador do partido, e a do conhecido “Grupo dos seis” (G6), em que se encontra o antigo secretário para a Informação, Miguel Pinto.
Para agravar a situação de divisão, em Junho deste ano, a ala próxima a Pedro Gomes convocou, para Setembro, um congresso extraordinário electivo, para o qual concorrem à liderança do partido o próprio Pedro Gomes e Tristão Ernesto. Aliás, Fernando Pedro Gomes já tinha sido “eleito presidente da FNLA” no congresso extraordinário realizado em Junho de 2018, em Luanda, mas o conclave foi invalidado pelo Tribunal Constitucional por irregularidades.