Classe médica de luto nacional em solidariedade pela morte do Dr. Sílvio Dala

Médicos de todas as unidades hospitalares do país vão observar, a partir de hoje, luto nacional, como sinal de solidariedade e descontentamento pela morte, no dia 1 de Setembro, do médico Sílvio Dala, de 35 anos, no interior de uma esquadra da Polícia Nacional, no bairro Rocha Pinto, em Luanda.

Em declarações à TV Zimbo, sábado, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola (SINMEA) anunciou que os médicos estão mobilizados para, a partir de hoje, em todos os hospitais de Angola, observarem um período de luto, colocando uma faixa ou camisola preta para demonstrar a solidariedade da classe e o seu descontentamento “pela morte prematura do Dr. Sílvio Dala”.

O médico Adriano Manuel disse que o luto, declarado pelo Sindicato Nacional dos Médicos de Angola, é também uma forma de homenagear o médico Sílvio Dala, que deixou viúva e filhos na flor da idade.

Acrescentou que o Sindicato Nacional dos Médicos de Angola está a criar as condições para realizar, no próximo sábado, uma “manifestação de encerramento do óbito”, Adriano Manuel disse que o Sindicato dos Médicos e a família do malogrado vão. de certeza, levar o caso até às últimas consequências, estando a ser preparada toda a documentação, incluindo as provas que possuem sobre as verdadeiras causas da morte de Sílvio Dala , tanto do ponto de vista anatómico, como das declarações “contraditórias apresentadas pela Polícia Nacional”.

Adriano Manuel disse que as informações apresentadas publicamente pela Polícia Nacional, através do comissário Waldemar José, não condizem com a verdade e encerram alguma inquietação.

O porta-voz do Ministério do Interior, comissário Waldemar José fez saber que o médico foi interpelado por efectivos da Polícia Nacional, por volta das 17h50, na zona do Rocha Pinto, por não fazer uso da máscara facial dentro da sua viatura de marca Hyundai.

Segundo Waldemar José, por violação do número 2, do artigo 4, do Decreto Presidencial 212/20, o cidadão foi convidado a deslocar-se à unidade policial mais próxima, onde foi elaborado o auto de notícia e de transgressão, sendo depois disso obrigado a pagar cinco mil kwanzas de multa. “Como na esquadra não havia TPA para o efeito fornecido pela AGT, nem um multicaixa nas proximidades, o cidadão efectuou uma chamada para alguém próximo pagar e levar à esquadra o comprovativo”, disse.

Adiantou que enquanto se aguardava pelo comprovativo, o médico sentiu-se mal e desfaleceu, embatendo com a cabeça no chão, provocando ligeiras escoriações, sendo socorrido para receber assistência no Hospital do Prenda, mas acabou por morrer no meio do trajecto.

Explicou ainda que o médico legista, que fez a autópsia, concluiu que a causa da morte é patológica. Ou seja, o médico padecia de uma doença, que Waldemar José não revelou, “por respeito aos direitos de personalidade e respeito pela família”.

Assegurou que a família assistiu à realização da autópsia, na presença de um procurador, no final da qual o médico explicou que a morte nada tem a ver com as escoriações.

Enquanto isso, o ministro do Interior, Eugénio Laborinho, fez sair ontem uma mensagem de condolências, manifestando consternação pela morte prematura do médico “Dala”.

Na mensagem de condolências, Eugénio Laborinho sublinha que a morte do pediatra abalou toda a sociedade, em particular a comunidade médica e as forças da ordem, não só pela forma repentina como os factos sucederam, mas também pela incapacidade de se prestar os primeiros socorros localmente.

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