Considerado para muitos como um “monstro adormecido”, pelo facto de encontrar-se completamente “as moscas”, as instalações do antigo Interpark, localizado ao Golf II, na Avenida 21 de Janeiro, estão a ser aproveitadas por cidadãos nacionais e estrangeiros, para a prática de prostituição.
Igualmente, todos os estabelecimentos comerciais adjacentes ao Interpark estão a ser usados para mesma prática. Aí estão maioritariamente cidadãs angolanas e do Congo Democrático.
Esta prática, dizem alguns moradores, configura-se como um hábito naquela circunscrição, sobretudo em armazéns comerciais localizados defronte ao Banco BFA à rotunda do Golf II.
Vê-se, a título de exemplo, senhoras com idades compreendidas entre 18 a 42 anos improvisando quartos de tendas ou cortinas, como se de uma “excursão religiosa” se tratasse.
Estas trabalhadoras do sexo, são apoiadas por seguranças que dão cobertura caso chega alguma patrulha da Polícia, ou algum cliente queira furtar-se do pagamento.
O ponteiro do relógio marcava precisamente 19h30 minutos, quando a nossa equipa de reportagem acabava de chegar ao terreno, tendo-nos deparado com duas senhoras na entrada principal do Interpark, que curiosamente começaram a gesticular em nossa direcção, ‘acariciando-nos’ com palavras do tipo “oi moço, fofo, bebezinho, venha vou te tratar bem, vais gostar” numa exibição clara do trabalho feito naquele estabelecimento.
“Esta prática na rotunda do Golfo 2, junto ao Banco BFA, concretamente nas lojas e armazéns, é uma realidade, é do conhecimento de todos. As prostitutas chegam aqui de noite, sempre que os armazéns fecham”, atirou um morador.
Segundo a fonte, a hospedaria Ampungo Comercial, a única existente no local, cobra muito caro pela hora, facto que as obriga sair e negociar fora com os seguranças em volta do estabelecimento.
No entanto, um dos jovens que curiosamente mostrava ser um cliente, era, afinal, um dos ‘donos’ de uma rapariga, como confidenciou ao NMC. “As meninas não estão por conta própria. Para além dos seguranças há outros jovens como eu, controlamos os movimentos das prostitutas, e em contrapartida recebemos dinheiro”, explicou, sublinhando que, “nunca se sabe quem é o cliente e o que realmente quer, daí existirem os cafetões para interferirem em questões de conflitos…e aqui fora o negócio é mais rentável”, salienta.
Na antiga distribuidora de frescos, outra área de jurisdição das prostitutas, na mesma circunscrição, fomos igualmente aliciados por uma jovem de aparentemente 24 anos, que não aceitou gravar entrevista e, aponta a crise financeira como motivo que a “atira a prostituir-se” para dar o sustento aos petizes.
“Faço isto por ser órfã de pai e mãe e por passar dificuldades financeiras” desabafou a jovem, que diz sustentar os dois filhos com o dinheiro arrecadado.
A cobrança é feita em função do tempo, e varia entre mil e mil 500 kwanzas por hora. Para ‘passar a noite’, o valor chega até aos cinco mil kwanzas.