A Agência Nacional de Nacional de Resíduos (ANR) vai passar a taxar o uso de sacos de plástico no país disse, ontem, em Luanda, a administradora da instituição, Maria da Purificação, que garantiu estar em elaboração um diploma para o efeito.

Maria da Purificação, que falava durante um webinar sobre “Microplasticos em Angola”, em alusão ao “Dia Internacional da Limpeza”, que hoje se assinala, salientou que os plásticos constituem um dos grandes desafios da preservação e conservação do ambiente no país.
A responsável que se debruçou sobre “A problemática do lixo marinho em Angola”, citou algumas práticas inadequadas de gestão de resíduos sólidos, como a escolha dos consumíveis, como sacos e outros produtos plásticos e a perda acidental ou deposição intencional de material de pesca ou resíduos gerados de navios.
A falta de infra-estruturas de gestão de resíduos como aterros, empresas de valorização (reciclagem) e o fraco entendimento público sobre as consequenciais derivadas dos nossos actos, são também más práticas que concorrem para prejudicar a gestão.
A ambientalista fez também um pequeno enquadramento legal da situação do uso do plástico no país, frisando que, fora o sector dos Petróleo e gás, a poluição marinha advinha de fontes terrestres e carece de maior atenção em termos de reforço regulador, para melhor acautelar os seus impactes, através da redução da fonte, (produtores, importadores e consumidores).
Despertar e aumentar a consciencialização geral sobre o problema do lixo plástico marinho, seus impactes negativos para o ambiente, ecossistema marinho, bem como os de impactes sócio económico incluindo para saúde humana, são alguns desafios apontados pela oradora, com vista a redução do lixo marinho no país.
Influenciar os órgãos decisores para optar pela banição dos sacos plásticos e a criação de um pacote de taxas especiais sobre as garrafas de plásticos produzidas e importadas no país é também uma das propostas. Segundo dados do Ministério da Indústria, existem no país 175 empresas produtoras de utensílios plásticos, entre produtos de borracha, garrafas, banheiras, baldes, entre outros.
Danos ambientais no ecossistema
avaliados em milhões de dólares
Os danos ambientais ao ecossistemas marinhos causados por plástico são estimado em 13 bilhões de dólares por ano (incluindo perdas financeiras para a Pesca, Turismo e tempo gasto em actividades de limpeza). Dados do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) de 2014, apontam que este valor pode subir para 75 bilhões ao ano, caso seja computados outros factores como os custo de impactos ambientais, emissões de gases de efeito estufa, e perda de recursos quando o lixo plástico não é reciclado.
O webinar que contou com moderação do ambientalista Vladimir Russo, abordou outros temas como: “Os impactos dos microplasticos no ambiente”, apresentado pelos consultores ambiental Jéssica Ferreira e Pedro Sá e os “Microplasticos no oceano: a Ameaça invisível na funcionalidade do ecossistema”, dissertado por Suzana Nicolau.
Microplásticos são pequenos pedaços de plástico que poluem o ambiente. São um tipo específico de plástico. Esses resíduos são criados a partir do descarte e da degradação de pedaços maiores de plástico. Mas também são produzidas industrialmente para o uso em alguns produtos. O microplástico tem impacto na saúde humana, sobretudo no trato gastrointestinal, onde pode interferir na resposta imunológica do organismo.
A população humana produziu 8,3 biliões de toneladas de plástico nos últimos 100 anos, o que equivale ao peso de 207 milhões de baleias-de-bossa (Megaptera novaeangliae).
A produção global de plástico vem aumentando substancialmente desde o início dos anos 50. Estima-se que, por conta da poluição de dois a cinco por cento de todo o plástico produzido no mundo acaba nos oceanos. Lá, eles acabam sendo consumidos por animais marinhos, entrando na cadeia alimentar humana.
Quantidades significativas de microplástico já foram encontradas em atum, lagosta e camarão. Segundo cientistas, é muito provável que haja também contaminação ao longo da cadeia de processamento de alimento e mesmo na embalagem. Existem aproximadamente 100 biliões de estrelas na nossa galáxia, multiplicando por 500 corresponde ao número de partículas de microplástico presentes nos oceanos. Haverá mais plástico nos oceanos em 2050 que peixe.